Associação denuncia assassinato de jovem indígena por garimpeiros em TI Yanomami

Os indígenas alertam ainda para a possibilidade de novos confrontos entre Yanomami e garimpeiros, e pede atuação urgente de autoridades e forças policiais para impedir um possível massacre

A Urihi Associação Yanomami publicou na tarde hoje (17/12), em sua página no Instagram, a denúncia do assassinato de um jovem indígena Yanomami na Comunidade do Tirei, mais precisamente na Pista Leite, na região do Xitei, Terra Indígena Yanomami, no estado de Roraima.

O jovem indígena assassinado por arma de fogo pertencia a região do Haxiú, mas estava vivendo na região do Xitei, Comunidade Tirei.

A associação alerta para a possibilidade de novo confronto entre Yanomami e garimpeiros na Pista Leite, e pede atuação das autoridades e forças policiais para impedir um possível massacre. Segundo as informações que circulam no território indígena os garimpeiros invasores estariam chegando de helicópteros e armados.

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O garimpo ilegal vem provocando uma verdadeira crise humanitária no território indígena Yanomami. Foto: Bruno Kelly / Amazonia Real

Garimpo na Terra Yanomami

A invasão garimpeira na Terra Indígena Yanomami é considerada pior do que a que levou à demarcação e à homologação da TI há 30 anos. A presença dos invasores provoca o colapso no atendimento de saúde, cujos funcionários se sentem inseguros para adentrar o território e realizar atendimentos. 

O garimpo ilegal na terra indígena Yanomami cresceu 3.350% entre 2016 e 2021. A consequência direta é o crescimento da malária, da desnutrição infantil, da contaminação por mercúrio e da exploração sexual. 

Os efeitos são sentidos por 16 mil moradores de 273 comunidades, o equivalente a 56% da população total. Com o tamanho de Portugal, o território Yanomami tem 29 mil habitantes em 350 aldeias. 

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Recentemente 49 mulheres Yanomami de 15 comunidades da maior reserva indígena do país, divulgaram uma carta ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), cobrando urgência na desintrusão do território e o cumprimento da lei por parte da nova gestão no governo federal. “Nossa terra é demarcada e o garimpo nas Terras Indígenas é ilegal”, destacam. 

Com “muito medo e preocupação”, elas detalham o cenário aterrador que é diretamente atribuído ao atual presidente Jair Bolsonaro (PL). Os relatos são semelhantes aos publicados no relatório “Yanomami sob ataque”, divulgado em abril pela Associação Hutukara, que representa o grupo. De acordo com os indígenas, a política bolsonarista é “de incentivo e apoio” às invasões garimpeiras. Emboras ilegais, são respaldadas pela “expectativa de regularização da prática”. 

Leia a carta das Mulheres Yanomami ao Presidente Lula na íntegra aqui.

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