Falta de comunicação básica contribui para queda na vacinação de crianças em Rondônia

Em Rondônia, informações simples, como local, data e disponibilidade de vacinas, são de difícil acesso ao cidadão, além disso a falta de combate à desinformação e ausência de transparência contribuem para cenário preocupante de queda na imunização

    A ausência de uma comunicação oficial eficaz contribui para quedas preocupantes na cobertura vacinal, que têm como consequência a exposição de crianças a doenças graves que já haviam sido erradicadas no país. Pesquisadores da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) analisaram sites e redes sociais oficiais do estado e concluíram que o acesso à vacinação é dificultado pela falta de informação básica e acessível, como local e horário para vacinação e disponibilidade de vacinas, além da falta de atendimento telefônico. As conclusões estão em relatório antecipado à Bori lançado na sexta-feira (10).

    A partir dos baixos índices de imunização de Rondônia, estado em que a maioria dos municípios não consegue atender o básico de vacinações, os pesquisadores analisaram a relação entre desinformação, indisponibilidade de dados públicos e escassez de transparência pública na saúde. “Passamos, com os levantamentos, a perceber a escassez parcial ou total de uma comunicação pública, propositiva e até mesmo mais básica sobre vacinação, sua importância, necessidade, efetividade e biossegurança”, conta o coordenador do estudo, Vinicius Valentin Raduan Miguel.

    Apesar da falha dos canais oficiais, pesquisador percebe discurso de culpabilização exclusiva da família e do usuário do SUS. Foto: Tomaz Silva / Agência Brasil

    Em 2020, um terço das crianças rondonienses não havia sido imunizada contra a poliomielite, doença grave que pode provocar paralisia e tem a vacina como única forma de prevenção. Apesar da falha do Estado em garantir a efetividade do direito à saúde de crianças e adolescentes, Miguel conta que o grupo percebeu um discurso corrente que atribui culpa exclusiva à família ou ao usuário do Sistema Único de Saúde (SUS) para a queda de vacinação. “Não se ignora a emergência de movimentos antivacina e anticiência, mas o nosso olhar era de que isso, por si só, era insuficiente para explicar a queda da cobertura vacinal como um todo”, explica o pesquisador.

    O coordenador do estudo aponta que o poder público precisa apresentar uma reação enérgica contra os movimentos antivacina, além de retomar canais de comunicação com a sociedade sobre riscos e prevenção. “Os municípios, estados e mecanismos de vigilância sanitária precisam facilitar a informação básica e prática. Percebe-se que há uma lacuna enorme de dados sobre calendário vacinal, onde tomar vacinas e mesmo horários de funcionamento das unidades.” Também é importante informar sobre a disponibilidade de vacinas: muitas vezes, o cidadão se desloca até a unidade de saúde e é informado sobre a falta, volta para casa e não recebe mais informações quando ocorre o abastecimento.

    Acesse aqui o Relatório: Acesso à Informação e Transparência: Exploração Inicial da Relação Vacinação e Informação Pública

    Fonte: Agência Bori

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