TI Yanomami agora tem proteção do espaço aéreo, decreta Lula

Dentro da Zona de Identificação de Defesa Aérea (Zida), haverá três áreas distintas: a branca (reservada), a amarela (restrita) e a vermelha (proibida), cabendo à Aeronáutica controlar o tráfego aéreo
Começou a vigorar, nesta quarta-feira (01/02), a Zona de Identificação de Defesa Aérea por sobre o Território Indígena Yanomami. Foto: Johnson Barros/FAB

Começou a valer, a partir da 0 hora desta quarta-feira (1º), uma Zona de Identificação de Defesa Aérea (Zida) no espaço aéreo da região Norte do País. Qualquer avião de garimpeiro que passe na área compreendida por sobre o Território Indígena Yanomami (TIY) será monitorado e até abatido, já que somente aeronaves envolvidas na Operação Escudo Yanomami serão autorizadas a circular em determinados trechos. A ideia é bloquear o principal canal de circulação de ouro e insumos dentro e fora dos garimpos.

Dentro da Zida, haverá três áreas distintas: a branca (reservada), a amarela (restrita) e a vermelha (proibida), cabendo à Aeronáutica controlar o tráfego aéreo. Mesmo após o início das operações de socorro aos Yanomami, os voos de aviões de garimpeiros não cessaram. Duas aeronaves munidas de radares, a E-99 e a R-99, já estão em Roraima. A Força Aérea Brasileira planeja a instalação de um radar modelo TPS-B34 para reforçar o monitoramento do espaço aéreo do TIY.

A medida atende ao Decreto 11.405, assinado na segunda-feira (30) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e publicado um dia depois no Diário Oficial da União. Além do Decreto, o Supremo Tribunal Federal (STF) abriu a Petição 9.565, que determina a apuração de crimes contra comunidades indígenas, inclusive o da prática de genocídio. O ministro Luís Roberto Barroso, do STF, também reiterou a ordem de expulsão definitiva dos garimpeiros. Já o Ministério Público Federal (MPF) abriu investigação sobre a omissão do Estado brasileiro no atendimento aos indígenas.

“Estou muito feliz”, resumiu o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami, Junior Hekurari, diante da série de boas notícias dos últimos dias e após anos lutando para ser ouvido. Personagem cada vez mais conhecido, por suas aparições em reportagens televisivas, Junior era um dos bravos guerreiros contra o garimpo ilegal no Território Indígena Yanomami (TIY). Ele afirmou que vê chances reais de salvar a etnia Yanomami. “Agora temos uma esperança de alegria para garantir o futuro das crianças, o futuro das comunidades, para cuidar e proteger a população Yanomami conforme a Constituição Federal (determina).”

“Demorou muito, nós sofremos muito. O governo Bolsonaro não respeitou as autoridades, a Justiça. Quantas determinações saíram primeiro para proteger a população?”, questionou Junior. O líder indígena está na região mais atingida pelo flagelo da fome e pela desassistência governamental dos últimos quatro anos. “Eu estou aqui no Surucucu, na comunidade, estou muito feliz com o que está acontecendo e o povo Yanomami está recebendo os atendimentos. Os médicos chegaram, alimentação para as comunidades. É isso, estamos construindo um novo caminho, uma nova história para salvar o povo Yanomami”, celebrou.

Zona de Identificação de Defesa Aérea – FAB/Divulgação

Matéria originalmente publicada em Amazônia Real

Escreva um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *