Indicados ao Oscar 2023 recebem estatueta Yanomami como alerta ao garimpo ilegal de ouro

Campanha “The Cost Of Gold” tem o intuito de conscientizar as estrelas de Hollywood para a crise de saúde que o povo Yanomami enfrenta devido ao avanço de garimpos ilegais de ouro. Vinte indicados receberam a estátua que representa a divindade Omama

Vinte indicados nas principais categorias do Oscar 2023 receberam uma estatueta de madeira da divindade Yanomami Omama como parte de uma campanha contra a extração ilegal do ouro. A cerimônia de entrega da maior premiação do cinema ocorre neste domingo (12).

Maior território indígena do Brasil, a Terra Yanomami vive uma crise humanitária sem precedentes devido ao avanço do garimpo ilegal, principalmente de ouro. A invasão provocou a morte de crianças e deixou outras dezenas de indígenas doentes.

Chamada de “The Cost Of Gold” – O Preço do Ouro, em livre tradução, a campanha tem a intenção de conscientizar as estrelas de Hollywood para que elas usem de sua influencia global e ajudem na causa Yanomami e também nos problemas que a extração de ouro podem causar.

Omama para os Yanomami é a divindade responsável pela criação do ser humano, floresta e animais, e significa proteção de todos os males. Entre as estrelas do cinema que receberam a estatueta de madeira estão:

  • Ana de Armas, indicada por interpretar Marilyn Monroe em “Blonde”,
  • Austin Butler que deu vida à Elvis no filme de mesmo nome,
  • Cate Blanchett, favorita em Melhor Atriz por “Tár”,
  • Colin Farrell por sua atuação em “Os Banshees de Inisherin”,
  • Angela Bassett favorita ao prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante por “Pantera Negra: Wakanda Forever”,
  • Brenda Fraser, favorito ao Oscar de Melhor Ator por seu papel em “A Baleia”,
  • Michelle Williams, indicada por seu papel em “Os Fabelmans”, e
  • Hong Chau, Stephanie Hsu e Michelle Yeoh do longa “Tudo Em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo”, entre outros.

A ação é promovida pela agência DM9 e pela Urihi Associação Yanomami, representada pelo líder Júnior Hekurari Yanomami, um dos principais responsáveis por relatar ao mundo os caos sanitário vivido pelos indígenas dentro do território.

Além da estatueta de madeira, a campanha inclui um filme que mostra os malefícios da extração de ouro e informa que para a extração do mineral é usado mercúrio, metal altamente tóxico ao ser humano e ao meio ambiente.

O filme informativo foi estrelado por Hekurari. No vídeo, ele deixou uma mensagem, em Yanomami, alertando que o símbolo do sucesso no Oscar – neste caso o ouro, tem custado a vida do seu povo.

“As pessoas que vão ao Oscar tem o poder de mudar a cultura popular de todo o planeta. Abandonar o ouro é uma mudança que tem que começar por quem molda a cultura popular. Por isso, estamos pedindo o apoio deles, para que o ouro ilegal vire um tema global, porque é sim uma tragédia global que até agora não recebeu a atenção necessária”, destacou a liderança.

Hekurari afirma que a ideia é mudar os rumos que a extração de ouro tem tomado na história recente do mundo, dizimando populações inteiras – incluindo os Yanomami.

A produtora da ação, Anna Ferraz, diz que intuito é contar com as estrelas de Hollywood para que elas ajudem a disseminar os problemas causados por garimpos ilegais.

“O intuito da ação é chegar nos indicados, que são influenciadores globais e podem ajudar a disseminar esse problema importantíssimo que temos no Brasil do garimpo ilegal, que matam a floresta, os animais e o povo indígena. A ação é para levar a informação para a academia”, disse.

A diretora criativa do filme que acompanha a ação, Hanna Batista, explica que a escolha da divindade Omama se deu devido ao significado para o povo Yanomami.

“Omama é o Deus dos Yanomami, protege a floresta, seu povo e Amazônia de todos os males. É o que tem de mais sagrado dentro da cultura deles, pode ser comparado a ‘Oxalá’, por exemplo”.

A cerimônia da 95° edição de entrega do Oscar 2023 ocorre na noite deste domingo (12), no Teatro Dolby de Los Angeles, na Califórnia, Estados Unidos. Este ano, a premiação não será exibida na TV aberta.

Matéria originalmente publicada em G1

Escreva um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *