Pirarucu de manejo da várzea de Santarém tem nível de mercúrio abaixo do limite

Foram analisadas 62 amostras de pirarucu, que apresentaram concentração média de mercúrio de 0,19 mg/kg. A investigação foi realizada no ano de 2022.

Pesquisadores do Instituto de Ciências da Educação (Iced) da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), a convite da ONG Conservação Internacional (CI) do Brasil, realizaram em 2022 estudos sobre os níveis de contaminação de mercúrio (Hg) em pirarucus (Arapaima gigas) em área de várzea em um Projeto de Assentamento Extrativista (PAE) do município de Santarém. No último dia 24 de março, os resultados do estudo foram socializados na comunidade Pixuna do Tapará.

De acordo com esses resultados, a concentração média de mercúrio foi 0,19 mg/kg. Ao todo, foram analisadas 62 amostras de pirarucu. O limite estabelecido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) como seguro para consumo nos peixes carnívoros é de 1,00 mg/kg, ou seja, os níveis de mercúrio apresentados nos pirarucus do PAE Tapará estão abaixo da concentração máxima permitida.

“A concentração de mercúrio presente nas amostras dos peixes que fazem parte da dieta do pirarucu, das águas e dos sedimentos dos lagos também deu abaixo dos limites estipulados pela legislação brasileira”, afirmou o professor e doutor Ricardo Bezerra de Oliveira, que junto com o também professor doutor Luís Reginaldo Ribeiro Rodrigues e a técnica de laboratório e mestra Deise Juliane dos Anjos de Sousa, comandaram a investigação científica.

“Os resultados são, especialmente, relevantes no cenário de desinformação em que vivemos, onde se propaga a ideia generalizada, em muitas mídias, de que todos os peixes dos rios Tapajós e Amazonas estão contaminados em função de atividades garimpeiras ilegais”, afirmou.

Outra questão relevante neste contexto refere-se à quantidade de pescado consumido. “Isso é importante porque também revela que não se trata apenas de ter ou não mercúrio, e sim, da quantidade necessária para causar problemas à saúde. O pesquisador Ricardo Oliveira, em sua apresentação, relatou que é seguro que cada indivíduo com 60 kg consuma, semanalmente, até 500 g desse pirarucu analisado.

“A princípio, o objetivo era mapear os peixes nos lagos e igarapés de áreas de projetos de assentamento extrativistas (PAE) localizados no Baixo Amazonas, em função da realização do manejo do pirarucu: PAE Tapará e PAE Aritapera (Santarém), PAE Atumã e PAE Salvação (Alenquer). Foram coletadas amostras de peixes que integram a alimentação do pirarucu, de águas e sedimentos dos lagos Purus, Pixuna e Carepaua”, afirmaram os pesquisadores.

O contato inicial foi feito com os quatro PAEs, no entanto, só foi possível dar andamento à pesquisa no PAE Tapará. “A articulação com as lideranças comunitárias, representantes da Colônia de Pescadores Z-20 e da Coordenação de Projetos da CI Brasil teve um papel essencial na execução da pesquisa”, ressaltaram os pesquisadores.

Os pesquisadores chamam a atenção, ainda, para as limitações do estudo. “É claro que a pesquisa se concentrou em locais específicos e refletiu o cenário de um tempo específico (2022), havendo necessidade de continuidade para acompanhar os níveis de mercúrio, assim como de pesquisas em cada região. No entanto, para a comunidade do PAE Tapará que comercializa o pescado, assim como para os consumidores que adquirem esse peixe, o resultado é satisfatório e garante uma alimentação com segurança em relação à ingestão de mercúrio”.

“A pesquisa mostra, para além dos resultados quantitativos, a importância da produção do conhecimento qualificado, o papel da integração da Universidade com a sociedade e a importância de financiamento para que essas ações se desenvolvam, afinal, foram necessárias reuniões com os membros da comunidade, visitas, viagens, treinamentos e equipamentos específicos. Espera-se que seja possível dar continuidade à pesquisa”, finalizaram.

Com informações da Assessoria de Comunicação | Ufopa


Imagem do banner: Pirarucu da comunidade de Pixuna do Tapará, várzea de Santarém, 24/03/2023. Foto: Acervo do projeto | Divulgação.

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