Iniciativa busca trazer um outro olhar para as periferias amazônicas e é fruto do projeto Telas em Rede
Após desenvolver atividades voltadas para a comunicação popular por meio do audiovisual em dois bairros de Santarém (PA), territórios fortemente afetados pela especulação imobiliária, racismo ambiental e que possuem histórias de resistência pelo direito à moradia, o Projeto Telas em Rede finaliza essas atividades com a realização do I Festival de Cinema das Periferias da Amazônia. A atividade final uma forma de celebração, valorização e anunciação das potencialidades que emergem das periferias da Amazônia e acontecerá no dia 8 de outubro, na sede da Associação de Moradores do Bairro Pérola do Maicá, um dos territórios contemplados pelo projeto.
As oficinas e intercâmbios que aconteceram nos bairros Vista Alegre do Juá e Pérola do Maicá tiveram foco no audiovisual e tudo que envolve a produção de um filme. Ao final de cada vivência os jovens realizaram diversas produções de curta-metragem, retratando os seus territórios, que serão exibidas durante o festival.
A programação do festival foi pensada e construída para fortalecer a produção agroecológica, a musicalidade e os empreendimentos de moradores dos territórios periféricos de Santarém.
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A partir das 8 horas será realizada a feira agroecológica dos quintais produtivos “Sempre Verde”, com vendas de produtos da agricultura familiar de base agroecológica e a realização de um bingo com diversos prêmios. Ainda pela parte da manhã, haverá também uma roda de conversa sobre “Agricultura Familiar e Agroecologia nas Periferias da Amazônia”.
À partir das 17h30, serão exibidos quatro curtas metragens produzidos por jovens moradores dos bairros Pérola do Maicá e Vista Alegre do Juá, além do documentário “Telas em Rede: Tecendo a Comunicação Popular nas Periferias da Amazônia”, resultado final do trabalho de comunicação popular desenvolvido pelo projeto Telas em Rede. A programação ainda contará com a apresentação dos grupos de carimbó Gingado Paraense e Os Encantados, além do grupo Sambatuque.
Durante todo o festival ocorrerá uma feira comunitária da economia criativa com a oferta de produtos e serviços desenvolvidos por empreendimentos de coletivos periféricos que pensam e constroem as diversas amazônias.
“A escolha de realizar o Festival no bairro Pérola do Maicá foi por entender que a periferia não é reconhecida como um espaço também de realização cultural, então muitas atividades e eventos culturais na cidade acontecem no centro e não é pensando na periferia, e a gente quer inverter esse olhar para que a sociedade também enxergue os bairros periféricos como um lugar potente que também produz cultura e arte”, explica o educador popular e coordenador do projeto, Yuri Rodrigues.
Cinema com celular na Amazônia
As oficinas e atividades buscaram desenvolver produções audiovisuais que se encaixassem no cenário das periferias amazônidas, com o uso de dispositivos acessíveis aos moradores como o aparelho celular, facilitando a realização das produções.
Todas as atividades do projeto Telas em Rede foram construídas por comunicadores e educadores populares amazônidas da região do Tapajós, entendendo que os moradores desses territórios são os protagonistas das suas próprias histórias.
Conhecendo o Telas em Rede
O projeto “Telas em Rede – tecendo a comunicação popular nas periferias da Amazônia”, é fruto da conexão entre três produtoras audiovisuais: Na Cuia – Produtora Cultural, Negritar Filmes e Produções, e Dzawi Filmes, todas de Santarém.
No ano de 2021, foram realizadas duas vivências sobre audiovisual, sendo uma na Aldeia Vista Alegre do Capixauã (Resex Tapajós Arapiuns) e outra na comunidade Vila Brasil (PAE Lago Grande), ambas no município de Santarém.
Em 2023, o projeto vem buscando ampliar as lutas da floresta e do campo além de unificar as lutas das periferias urbanas, fortalecendo os laços das comunidades e juventudes por meio de formações em comunicação popular e trocas de experiências. Esta segunda edição recebe apoio via Emenda Parlamentar da ex-deputada federal Vivi Reis (Psol).
O projeto Telas em Rede tem orientado suas ações junto à organizações com histórico e reconhecimento de atuação na defesa da região como a Fase Amazônia, Kitanda Preta, Movimento Negro Unificado (MNU), Associação dos Moradores do Bairro Pérola do Maicá, Guardiões do Bem Viver, Negrices Caripuna, Projeto Saúde e Alegria e a Universidade Federal do Oeste do Pará.
