Publicação científica revela estado da arte do monitoramento florestal na Amazônia

Obra compacta e objetiva resgata o conhecimento científico produzido em torno do tema e aponta necessidades para o futuro, com base em dados monitorados ao longo dos anos pela Embrapa Amazônia Oriental e pela Universidade Federal do Oeste do Pará
O banco de dados de monitoramento florestal conta com mais de 125 mil árvores observadas nos últimos 40 anos, com mais de 8 milhões de registros de variáveis. Foto: Vinicius Braga / Divulgação Embrapa

Pioneira no uso de parcelas permanentes em inventário florestal contínuo no estudo do comportamento de árvores em florestas exploradas e não exploradas na Amazônia brasileira, a Embrapa Amazônia Oriental, situada em Belém (PA), disponibilizou nesta última semana a publicação científica “Monitoramento florestal na Amazônia Oriental: histórico e importância da ferramenta para estudo da dinâmica florestal“. É uma obra compacta e objetiva que resgata o conhecimento científico produzido em torno de tema e aponta necessidades para o futuro. 

O documento situa o avanço das pesquisas e a formação de redes nacionais e internacionais, como a Rede de Monitoramento da Dinâmica de Florestas da Amazônia (Redeflor), a Amazon Tree Diversity Network (ATDN), a Rede Amazônica de Inventários Florestais (Rainfor) e o Tropical managed Forests Observatory (TmFO), além de listar 121 títulos técnico-científicos gerados de 1984 a 2021, com base em dados de monitoramento de parcelas permanentes executados pela Embrapa Amazônia Oriental e pela Universidade Federal do Oeste do Pará.

Além disso, de olho no futuro, a nova publicação destaca a importância da continuidade e evolução do aplicativo computacional Monitoramento de Florestas Tropicais (MFT), ferramenta cujo uso é considerado “a melhor garantia de armazenamento de dados de longos e contínuos períodos de monitoramento em florestas naturais e plantadas”, avalia o autor Ademir Roberto Ruschel, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental.

É uma garantia, explica Ruschel, amparada na confiabilidade do próprio banco de dados de parcelas permanentes monitoradas pela Embrapa Amazônia Oriental há quatro décadas, desde 1981, acervo que já foi fonte de inúmeras dissertações de mestrado e teses de doutorado, bem como artigos científicos publicados em revistas nacionais e internacionais. “Não à toa, os dados serviram de base para a regulamentação do manejo florestal sustentável na Amazônia brasileira, em especial a definição dos ciclos e intensidades de corte”, salienta.

O documento aborda em cronossequência a evolução da pesquisa e monitoramento de florestas através da metodologia de parcelas permanentes de inventário
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Florestas do passado, do presente e do futuro

O autor enfatiza que “as parcelas permanentes de monitoramento contínuo são fontes ricas e precisas de informações das florestas do passado, do presente e do futuro, quando amostradas suficientemente e mantidas ao longo do tempo”. Ele conta que “as parcelas mais antigas de observação têm proporcionado conhecimento profundo sobre a dinâmica do crescimento da floresta, balanço de carbono no ecossistema e alterações na riqueza e diversidade de espécies de árvores e de palmeiras”. Além disso, globalmente ajudam a estimar os efeitos das mudanças climáticas e o ciclo de carbono.

A importância mundial do trabalho de monitoramento florestal contínuo com parcelas permanentes também é ressaltada na apresentação da publicação por Walkymário de Paulo Lemos, chefe-geral da Embrapa Amazônia Oriental, em que diz ser “uma importante contribuição para o atendimento da agenda dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), em especial ao ODS 15 – Vida Terrestre. Entende-se que, ao se compreender melhor o comportamento das espécies florestais em áreas manejadas na Amazônia, torna-se possível definir a melhor estratégia de manejo a ser adotada e garantir a sustentabilidade do uso dos recursos com benefícios sociais, econômicos e ambientais”.

Milhões de registros

O monitoramento pela Embrapa ocorre em ecossistemas de terra firme e de várzea, em florestas naturais e plantadas. Somente por conta das parcelas permanentes de terra firme no estado do Pará, conforme dados da publicação, já são mais de 125 mil árvores observadas nos últimos 40 anos, com mais de 8 milhões de registros de variáveis armazenados em arquivos de backups do MFT.

Há parcelas de terra firme na Floresta Nacional do Tapajós (Belterra); PA Santo Antônio (Mojuí dos Campos); Vitória do Jari, Associação Virola-Jatobá (Anapu), Parque Zoobotânico (Marabá), Fazenda Cristalina (São Domingos do Araguaia), Fazenda Shet (Dom Eliseu), Fazenda Cikel (Paragominas); Campo Experimental da Embrapa (Moju) e Capoeira do Black (sede da Embrapa em Belém). As parcelas de várzea ficam em Belém (Área de Pesquisa Ecológica do Guamá), Limoeiro do Ajuru, Curralinho, Breves, Afuá e Gurupá.

A publicação foi organizada e escrita pelo pesquisador Ademir Roberto Ruschel (Embrapa) em coautoria com Ulisses Sidnei da Conceição Silva (Ufopa), Fabricio Nascimento Ferreira (Embrapa), Lia de Oliveira Melo (Ufopa), José Natalino Macedo Silva (Ufra), João Olegário Pereira de Carvalho (Ufra), Márcio Hofmann Mota Soares (Embrapa), José Francisco Pereira (Embrapa), Lucas José Mazzei de Freitas (Embrapa) e Milton Kanashiro (Embrapa).

Acesse o documento na íntegra aqui.

Com informações das assessorias de imprensa da Embrapa e da Ufopa.

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